domingo, 13 de novembro de 2011

BOM DIA!!! OCUPAÇÃO DA ROCINHA, A MAIOR FAVELA DA AMÉRICA LATINA. LEIA AS VERDADES E MENTIRAS DESSA OCUPAÇÃO.

Olá minha gente, bom dia a todos e a todas! Hoje é domingo, 13 de novembro de 2011, um dia histórico para os moradores da favela da Rocinha no Rio de Janeiro.
Está acontecendo a ocupação da favela da Rocinha, que mais de 120 mil habitantes, uma espécie de o legal assumindo o lugar do ilegal, onde os moradores da favela poderão finalmente sentir o poder público cumprindo verdadeiramente a missão que lhe foi confiado. A policia já encontrou fuzis, casas luxuosas pertencentes a traficantes e deverá encontrar muito mais.
Mas se querer enconbrir verdades sobre a ocupação feita hoje na Rocinha, leia aqui, o que escreve o Criador do "projeto Barraco a Dentro", Cleber Araujo, um jornalista morador da Rocinha  que escreve artigo sobre as meia verdades que existem em torno da eminente ocupação da Rocinha pelo Estado... Leia o artigo:
... Numa guerra particular por audiência, a instalação daUPP na Favela da Rocinha é o principal assunto midiático. Na verdade, não se fala em outra coisa. Na tentativa de conquistar um número maior de telespectador, as emissoras estão 24 horas focadas nesse acontecimento histórico prestigiando o público com uma cobertura "exclusiva", com jornalistas posicionados nas principais vias de acesso a comunidade prontos para entrar em operação junto com a polícia - dispostos a arriscar a vida por uma matéria sensacionalista. Não podemos esquecer os especialistas e não-especialistas esclarecendo a sociedade sobre todo o processo de ocupação.
Foi justamente as meias verdades ditas pelos não-especialistas que me motivou a escrever esse artigo. Vamos a elas: 

O governo está retomando as áreas ocupadas pelas facções criminosas. É importante questionar e refletir sobre essa afirmação. As facções criminosas só se desenvolveram e se organizaram em áreas abandonadas pelo Estado, ou seja, nas favelas. Que nunca contaram com a presença do Estado nos setores de educação, saúde, saneamento básico, esporte, lazer, cultura e segurança pública. Então, como pode o governo está retomando essas áreas? 

Os moradores da Rocinha são reféns do tráfico. Outra meia verdade. Não me entendam mal, não estou aqui para defender bandidos. Mas na Rocinha - estou falando exclusivamente da realidade dessa comunidade - os traficantes não impediam o direito de ir e vir das pessoas; não determinavam horários de chegar ou sair; nem sequer paravam visitantes para saber para onde estavam indo, até porque numa comunidade onde vive mais de 100 mil habitantes é difícil saber quem é morador e quem não é. Os moradores são na verdade reféns do medo de uma guerra interna entre bandidos, da tentativa de invasão de outra facção para tomar o poder e até mesmo de um possível confronto entre bandidos e polícia. Medo de estar no local errado, na hora errada e acabar sendo vítima dessa guerra urbana que tira a vida de tantos inocentes. 

Também gostaria de responder a pergunta clássica feita pelos jornalistas aos moradores da Rocinha sobre a perspectiva em relação a instalação da UPP na comunidade 

A resposta também já se tornou clássica: MELHORIAS. A perspectiva de todos os moradores de comunidades periféricas com a chegada da UPP é de melhorias. Mas não relacionado diretamente a presença da polícia. Somente a instalação de uma UPP não muda em nada a realidade do cidadão de bem da Favela. Para entender o significado da resposta é preciso contextualizar a palavra MELHORIAS a esperança dos moradores numa nova relação política, em que o Estado se faça presente no cotidiano dacomunidade em outros setores sociais e políticos além da segurança pública. 

A esperança de todos na comunidade é que a instalação da UPP na Rocinha não seja apenas para fazer média com a sociedade, mas que seja para o BEM-COMUM. Que não seja somente o símbolo da conquista de um território que antes estava entregue nas mãos do poder paralelo, mas que seja o símbolo histórico da primeira etapa da apropriação do Estado sobre comunidades que antes se encontravam abandonadas a própria sorte.
Fonte: Cleber Araujo, jornalista e morador da Rocinha (cleberaraujo@barracoadentro.com)

Um comentário:

  1. Sensacional o artigo escrito pelo Cleber Araújo. Realmente a mídia sensacionaista enfeita muito as coisas, e nem sempre há a preocupação de descobrir a raiz dos problemas que envolvem determinadas situações, e o foco se torna apenas o efeito, não a causa. Mas de qualquer modo é preciso que seja feito ações como essa, e o Brasil inteiro torce pelo sucesso da operação. Mas, como alerta o autor do artigo, essa ação isolada não valerá muito, se o Estado não cumprir a lição de casa direito.

    Um abraço, meu amigo Bené!!

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