Em uma espécie de metralhadora giratória, Ciro Gomes (PSB) teve duas entrevistas divulgadas na última sexta-feira, nas quais se considera ainda na disputa. Ele elogiou Serra ("é mais preparado, mais legítimo, mais capaz") e também criticou o tucano ("Serra é autoritário e solitário, ele trata o adversário como um inimigo a ser destruído"). Sobre Dilma, disse que vai apoiá-la, ao mesmo tempo em que disse que ela não tem experiência eleitoral e apontou erros em sua estratégia de campanha. (site do DN-Nacional).
Leia o que diz o Diário Catarinense - Ciro Gomes ainda está enfurecido. A asfixia política exercida contra o deputado federal Ciro Gomes (PSB) pelo governo e pelo próprio partido não se encerra no fim de sua candidatura à Presidência, prevista para ser oficializada na terça-feira. Para evitar que o deputado direcione sua revolta à campanha de Dilma Rousseff (PT) e às alianças da base nos estados, ele deve se submeter a um autoexílio no exterior.
– Se ele ficar, vai cair atirando. Foi orientado a viajar e depois se dedicar à campanha do irmão Cid Gomes à reeleição no Ceará – diz um integrante da cúpula do PSB.
Ciro está enfurecido. Deixou isso claro ao afirmar, na sexta-feira, que o presidente Lula está “navegando na maionese” e “se sentindo o Todo-Poderoso, mas ele não é Deus”. Para arrematar, disse que acredita em uma vitória de José Serra (PSDB).
Iludido pelo presidente Lula e boicotado pelos correligionários, não atende ao telefone nem responde e-mails. Na segunda-feira, viajou a Brasília pela primeira vez em um mês. Evitou ir à Câmara, onde seu desempenho é pífio – em quatro anos, não apresentou um único projeto e faltou a 42% das sessões.
CIRO EM SÃO PAULO - Nos planos de Lula, Ciro concorreria ao governo, garantindo um bom palanque para Dilma e um arsenal de ataques a Serra. A virulência verbal do deputado, planejou Lula, pouparia Dilma de um confronto com o tucano. Ciro pensava diferente.
Para o Planalto, Ciro tropeçou em suas próprias pernas. Assessores de Lula dizem que o presidente sempre foi claro com o deputado ao afirmar que desejava uma disputa polarizada entre Dilma e Serra.
NO CEARÁ - Ciro jamais teria sido explícito com o presidente sobre suas reais intenções eleitorais. Assessores do Planalto afirmam que outro fator que irritou o governo foi a incoerência do discurso. Para tentar se viabilizar como candidato, Ciro passou a atacar o PSDB e o PMDB. Entretanto, no Ceará, ele apoia a candidatura ao Senado do tucano Tasso Jereissati e do peemedebista Eunício Oliveira.
by fabio.schaffner@gruporbs.com.br
TRAJETÓRIA POLÍTICA DE CIRO GOMES – Nascido em Pindamonhangaba (SP), em 6 de novembro de 1957, Ciro Gomes é advogado e professor universitário.
– Em 1979, disputou a vice-presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE) por uma chapa identificada com a Arena, partido de sustentação do regime militar.
– Em 1982, filiou-se ao PDS, sucessor da Arena, e se elegeu deputado estadual.
– Reeleito deputado em 1987, já no PMDB, trocou o mandato parlamentar pela prefeitura de Fortaleza em 1989.
– Em 1990, filiado ao PSDB, se elegeu governador do Ceará
– Em setembro de 1994, assumiu o Ministério da Fazenda no governo Itamar Franco. Ficou no cargo até o final.
– Em 1996, filiou-se ao PPS.
– Disputou a Presidência em 1998, ficando em terceiro lugar, com 7,4 milhões de votos.
– Em 2002, teve 10 milhões de votos, mas ficou apenas na quarta posição.
– Com a ida do PPS à oposição ao governo Lula, deixou o partido e foi para o PSB.
(fonte: Diário Catarinense - edição online deste domingo)