A violência em casa e o uso de drogas são os principais motivos que levam crianças e adolescentes às ruas. Cerca de 70% daqueles que dormem na rua foram vítimas de violência doméstica; e mais de 30% são usuários de drogas ou álcool.
Esses dados foram apurados pela Secretaria de Direitos Humanos numa pesquisa que realizou, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável, entrevistando quase 24 mil crianças e adolescentes em situação de rua, em 75 capitais e municípios com mais de 300 mil habitantes.
De acordo com o relatório, cuja íntegra será divulgada na próxima semana, 32,2% das crianças e adolescentes tiveram brigas verbais com pais e irmãos, 30,6% foram vítimas de violência física e 8,8% sofreram violência e abuso sexual. A busca da liberdade, a perda da moradia pela família, a busca de trabalho para o próprio sustento ou da família, os conflitos com a vizinhança e brigas de grupos rivais também levam os jovens à situaçãode rua.
Outras conclusões da pesquisa:
- Quase 72% da população de crianças e adolescentes em situação de rua é masculina.
- Mais de 45% tem idade entre 12 e 15 anos (45,13%).
- Mais de 58% dormem em residências com suas famílias e trabalham na rua. Pouco menos de 24% dormem em locais de rua e 2,9% dormem temporariamente em instituições de acolhimento.
- Entre aqueles que dormem na casa da família ou que pernoitam na rua, 60,5% mantêm vínculos familiares.Já 55,5% classificaram como bom ou “muito bom” o relacionamento que mantêm com os pais, enquanto 21,8% consideraram esse relacionamento ruim ou péssimo.
- Embora a maior parte das crianças ou adolescentes em situação de rua esteja em idade escolar, 79,1% não concluíram o primeiro grau. Apenas 6,7% concluíram o primeiro grau, 4,1% começaram a cursar o segundo grau, 0,6% concluíram o segundo grau e 8,8% nunca estudaram.
- A pesquisa aponta que quase metade das crianças e adolescentes em situação de rua se declararam pardos ou morenos; 23,8% disseram que são brancos; e 23,6% se declararam negros.
- Mais de 40,3% vivem com renda média semanal de até R$ 80,00 semanais. Apenas 18,8% afirmaram ter renda semanal superior a esse valor.
- Praticamente todas as crianças e adolescentes em situação de rua trabalham e pedem dinheiro ou alimentos.
- Mais de 65% conseguem dinheiro ou alimentos vendendo mercadorias baratas, trabalhando como “flanelinha”, separando lixo ou engraxando sapatos.
- Pouco menos de 30% dos jovens pedem dinheiro ou alimentos como principal meio de sobrevivência. Além disso, uma parcela de 7,3% dos entrevistados,formada principalmente por crianças com pouca idade, está nas ruas acompanhada pelos pais e parentes vendendo produtos ou pedindo dinheiro ou alimentos.
- Os dois principais motivos de as crianças e adolescentes trabalharem ou pedirem nas ruas são o próprio sustento (52,7%) e o sustento da família (43,9%).
- De acordo com a pesquisa, 6,8% pedem esmola ou trabalham na rua porque “não têm o que fazer em
casa” e 6,3% porque “é mais divertido ficar na rua”.
Fonte: Agência Brasil com Brasília Confidencial.
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