Nem, o chefe do tráfico Rocinha, chegou a estar debaixo da mira da arma de um polícia durante o tiroteio no hotel Intercontinental do Rio de Janeiro, no passado dia 21 de outubro, mas conseguiu fugir: escapou--se por um condomínio até chegar a casa no bairro da Rocinha - a maior favela brasileira, com 120 mil habitantes.
Há cinco anos que António Francisco Bonfim Lopes, o Nem, está à frente do tráfico de droga do bairro, instalado num dos terrenos mais cobiçados do Rio, com vista para o mar e para a montanha. A Rocinha representa um desafio quer para o governo brasileiro - apostado em limpar as favelas - quer para as Unidades da Polícia Pacificadora. Seriam precisos mais de dois mil polícias para controlar o morro e a criteriosa gestão do crime de Nem não deixa grande margem de actuação às autoridades.
De honesto a vilão Nem entrou para o mundo do crime por acaso. Em 2000, uma das suas filhas, na altura com dez anos, teve um problema de saúde grave e precisou de tratamento médico. Nem, anónimo e honesto, era pobre e viu-se obrigado a pedir um empréstimo a Lulu, o chefe da Rocinha. O traficante comoveu-se com a história e emprestou-lhe 50 mil reais, que Nem pagaria traficando na favela. Antes de conseguir saldar a dívida, Lulu morreu e foi substituído por Bem--te-vi. Bem-te-vi morreu e Nem passou a liderar o tráfico do bairro, seguindo a filosofia "solidária" de Lulu - ajudando os moradores da Rocinha em troca de apoio.
De honesto a vilão Nem entrou para o mundo do crime por acaso. Em 2000, uma das suas filhas, na altura com dez anos, teve um problema de saúde grave e precisou de tratamento médico. Nem, anónimo e honesto, era pobre e viu-se obrigado a pedir um empréstimo a Lulu, o chefe da Rocinha. O traficante comoveu-se com a história e emprestou-lhe 50 mil reais, que Nem pagaria traficando na favela. Antes de conseguir saldar a dívida, Lulu morreu e foi substituído por Bem--te-vi. Bem-te-vi morreu e Nem passou a liderar o tráfico do bairro, seguindo a filosofia "solidária" de Lulu - ajudando os moradores da Rocinha em troca de apoio.
Nem tornou-se, muito depressa, no principal traficante da zona sul do Rio de Janeiro. E a polícia garante que conseguiu aumentar dez vezes a facturação. Em dois anos, quantifica o chefe da polícia civil, Allan Turnowski, à revista brasileira "Época", a venda de cocaína na Rocinha e no morro de São Carlos terá gerado 96 milhões de reais. Fora os outros bairros em que Nem opera. O segredo do negócio é simples: apostar na profissionalização do tráfico. António confiou a contabilidade do negócio a um estudante universitário de Matemática. Contratou polícias para treinar os 17 seguranças que o acompanham dia e noite e, ao mesmo tempo, garantir informadores. Para lavar o dinheiro da droga, criou várias empresas de laranjas.
De pé-descalço a milionário E se antes não tinha dinheiro para salvar a vida da filha, agora Nem tem tudo. Em 2007, alugou um helicóptero para sobrevoar o Rio só para agradar a uma das suas três mulheres, Danúbia. Já este ano, a polícia invadiu o morro e encontrou casas com Playstation 3, LCD de 42 polegadas, piscina e fatos Armani. "Não tem mendigo aqui" é, aliás, uma das frases favoritas de Nem quando se refere à Rocinha. O bairro ganhou, até, um luxuoso ginásio, onde Nem faz musculação todos os dias.
Mas nem tudo são rosas na vida do poderoso traficante. A polícia já o ouviu dizer, em várias escutas, que sonha, frequentemente, que é esquartejado. Também diz que quer deixar o crime equeixa-se de não ter liberdade. "Vivo igual a um macaco, pulando de laje em laje", confessou a um amigo.
Entretanto, a Rocinha transformou-se numa bandeira política. Sérgio Cabral, candidato à reeleição na prefeitura do Rio, e Dilma Rousseff, candidata à presidência brasileira, querem reabilitar o morro. Há até um projecto milionário, que inclui uma entrada projectada por Oscar Niemeyer. E neste cenário, não cabe o NEM.
Fonte: http://www1.ionline.pt.
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